Uma operação da Polícia Federal (PF) cumpre na manhã desta quinta-feira (18) mandados de busca e apreensão contra suspeitos de fraude à Previdência Social. Segundo a PF – intitulada de Trickster, vigarista em tradução livre do inglês – apura um esquema, feito entre 2018 e 2022. Na Bahia, os mandados são cumpridos em Salvador.
A trama funcionava da seguinte maneira: um médico perito federal, junto com um ex-sócio, inseria de forma indevida dezenas de dados e atestados médicos falsos nos sistemas informatizados do INSS. O objetivo era obter fraudulentamente benefícios previdenciários por incapacidade para si mesmos, familiares, sócios e outras pessoas próximas.
Na apuração, identificou-se que a maior parte das perícias foi antecipada para que o médico federal investigado atendesse os beneficiários fora da agenda. Via de regra, realizava-se apenas uma contribuição, com recolhimento em data muito próxima ao requerimento do benefício. Há ainda a suspeita de participação de um ex-estagiário da Agência do INSS de Taguatinga, no Distrito Federal (DF).
Além da Bahia, as ações da PF ocorrem em Alagoas, Goiás e no Distrito Federal. Um mandado de prisão preventiva contra um dos membros do bando também deve ser cumprido. Ainda segundo a PF, a ampla maioria dos benefícios suspeitos foi de auxílio-doença, com longos períodos de afastamentos.
Alguns investigados, inclusive, apresentavam atestados com a mesma comorbidade [doença crônica], em datas quase coincidentes. Apurou-se que diversos atestados teriam sido emitidos pelos mesmos médicos assistentes, mas com claros indícios de fraude.
MÉDICO TEM BLOQUEIO DE r$ 1,1 MILHÃO
Ainda segundo a PF, o médico perito federal teve o bloqueio de até R$ 1,1 milhão das contas dele que deve ser ressarcido à União. O homem também deve ter a suspensão da função pública decretada, além de sequestro de bens, proibição de sair do país, pagamento de fiança no valor de R$150 mil ou uso de monitoramento eletrônico. Os pagamentos de todos os benefícios suspeitos também foram bloqueados judicialmente.
A deflagração da ação conjunta evitou o prejuízo aproximado de R$ 593 mil, considerando a data de cessação dos benefícios e a expectativa de vida dos segurados, calculado a partir das Tabelas de Mortalidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A PF declarou que os envolvidos devem responder por crimes como associação criminosa, falsidade documental, uso de documento falso, inserção de dados falsos em sistemas de informação, estelionato previdenciário, bem como corrupção ativa e passiva.
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